PL 3555/2004 Câmara dos Deputados Veja a íntegra da audiência pública

quinta-feira, 9 de agosto de 2007

O PROBLEMA ESTRUTURAL DA REPRESENTAÇÃO DO MERCADO SEGURADOR

A descentralização da representatividade dos seguradores tem um novo modelo.

Com a Fenaseg se transformando na CNSeg - Confederação Nacional de Seguros, Resseguros, Previdência Privada, Saúde Suplementar e Capitalização e sendo criadas quatro novas federações, FenSeg, FenaCap, FenaSaúde e FenaPrevi, a organização por área de atuação e maior pluralidade pode dar um novo impulso na sua arquitetura organizacional das seguradoras. A liderança de Jayme Garfinkel frente a FenSeg é um avanço importante, tendo em vista que o executivo relutou por vários anos assumir um cargo eletivo de representação. Sem sombra de dúvidas, não é uma unanimidade, mas é o segurador mais respeitado pelos corretores de seguros, por sua trajetória e apoio a classe. A presença do executivo tende a facilitar a comunicação entre a indústria e a distribuição, pela sua acessibilidade e ponderação, lógica e competência de campo. Pelo menos Jayme conhece de perto a vida dos corretores. Isso é um avanço.

Para seguir adequadamente, a evolução do segmento segurador, a distribuição tem que acompanhar este movimento. O excesso de centralização na Federação, e ao mesmo tempo, a limitação tecnico-operacional demonstrada nos últimos anos, não tem acompanhado a dinâmica da sistematização do mercado e muito menos levado ao corretor de seguros as informações necessárias das tratativas entre a indústria de seguros e a distribuição. A informação está parando na Federação Nacional dos Corretores e não flui para as pontas. O mesmo está sistematicamente ocorrendo nos sindicatos, notadamente o Sincor-SP. A comunicação portanto está interrompida nos dois sentidos com a maioria da base dos corretores de seguros.

Uma vez que as entidades sindicais da indústria de seguros optam e se organizam para se relacionar com a distribuição através das entidades de classe com legitimidade ativa, e não há um prosseguimento no canal de informação, a conversa fica truncada, repleta de ruídos e como na brincadeira de passar a informação boca a boca para ver como chega no final, denominada telefone sem fio, a conversa chega ao seu destino totalmente destorcida.

Isto ocorre porque há uma grave crise institucional nas lideranças de classe dos corretores de seguros. Não adianta as seguradoras tentarem ignorar este problema.

Na realidade a representatividade está comprometida pela baixa filiação aos sindicatos, pelas brigas internas entre sindicatos estaduais (Sincor's) e federação (Fenacor) e pela não legitimidade de representação da maioria dos corretores de seguros, que dentro ou fora dos sindicatos, não se vêem representados pelos líderes que se perpetuam no poder num círculo vicioso, justamente fomentado pelos recursos das seguradoras. Até que ponto essa é uma ação inconsequente e não premeditada?

Então não adianta os seguradores se posicionarem de maneira institucional se há esse enorme problema. A continuar esta postura, os ruídos vão aumentar vertiginosamente. O discurso de resolver isso via eleição, não casa com o investimento milionário unilateral que se presencia, distorcendo e praticamente definindo a sorte das eleições pelo poder econômico. Essa conversa definitivamente vai ser mal recebida, com certeza.

A posição é a seguinte. Uma vez que seguradoras estão atuando de forma agressiva sobrepondo outros canais sobre a massa de corretores, se auto flagelando com guerra de preços e desmerecendo a participação dos corretores de seguros, enquanto as entidades tidas como "oficiais" estão à merce desta prática, organizações paralelas vão se instituir e definir posições de comercialização em bloco com seguradoras que respeitem a pluralidade.

Estamos identificando as posições das seguradoras quanto a este entendimento e em breve começaremos a direcionar produção para parceiras selecionadas.

Ou tornamos a representação de classe dos corretores mais plural e democrática ou vamos identificar interesses de grupos específicos e negociar paralelamente.

Ações em busca de legitimidade ativa já estão em curso via associações e Ministério Público Federal, nos casos de defesa dos direitos difusos e coletivos dos corretores de seguros e seus clientes.

Do jeito que está não vai ficar.

Luís Stefano Grigolin, 43, corretor de seguros, consultor e especialista em tecnologia da informação, jornalista , com 29 anos de atuação no mercado segurador.

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