PL 3555/2004 Câmara dos Deputados Veja a íntegra da audiência pública

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Os fundamentos da crise não são sólidos


Por mais que tenha me esforçado para entender as explicações de um sem número de economistas sobre as responsabilidades da crise, não vejo uma explicação plausível.

Há de fato um prejuízo incomensurável a um número desconhecido de investidores e cidadãos que estão pagando a conta via governos de seus países. Se há prejuízo de um lado, há ganhadores de outro. É preciso, portanto, identificar os ganhadores e deles cobrar, direta ou indiretamente, parte desses prejuízos socializados. É preciso identificar as autoridades que por omissão, deixaram a frouxidão regulatória atingir quem investia e agora quem sequer investia.

Se não há como tipificar financeiramente e economicamente estes eventos, o direito é farto em definições. Enriquecimento ilícito, ou sem causa, estelionato, omissão, fraude, especulação, e por aí vai uma romaria de termos que se enquadram.

O que não pode haver é dois pesos e duas medidas. O capital especulativo tem se mostrado tão danoso que deveria ser tipificado criminalmente. Se um ladrão de galinha lhe subtrai algo de seu galinheiro há tipificação e pena. Se um banqueiro de investimento com bônus anual milionário lhe vende papéis sem o mínimo lastro, mesmo dentro das "regras" e lhe causa dano, é igualmente culpado. O que muda é a forma e a sofisticação do delito. Se este delito torna-se de tal sorte potencial que passa a atingir indistintamente, os cidadãos, os investidores, as instituições e os governos, a gravidade do delito está aí configurada.
Se tenho dificuldade em entender as explicações dos economistas não tenho dificuldade nenhuma em tipificar como crime, ato que igualmente lesem quem quer que seja.

É uma questão de bom senso.

Ou organizam o caos ou nos locupletemos todos desta baderna financeira. Eu quero minha parte em dinheiro, não aceito títulos!

Luís Stefano Grigolin

domingo, 12 de outubro de 2008

ORIGEM DA CRISE É MUITO ELÉM DO SUBPRIME

É impossível querer separar o mercado financeiro do mundo real da economia, na indústria, no comércio, no agronegócio e nos serviços. Praticamente todos os negócios dependem do fluxo de capitais do mercado financeiro, assim como a recíproca é verdadeira. Sem o movimento da economia real, aquela que efeivamente produz mercadorias e serviços, não haveria espaço para produtos financeiros, bolsas de valores e mercadorias. 

Esta crise não está restrita ao mercado financeiro. Ela é estrutural, está distribuida pela cadeia produtiva na mesma medida em que os investimentos migraram do mercado formal financeiro para o mercado de commodityes, que interferem além do suprimento financeiro das necessidades de empreendedores e passam a ditar a performance de segmentos produtivos inteiros. O que há nesse instante é um mega desajuste deste complexo sistema, criado pelos derivativos irracionais que tentaram artificialmente multiplicar o capital real à disposição dos mercados.

Por tratar-se de uma crise inédita, estão tardando os diagnósticos mais abrangentes, mesmo porque os mesmos gurus que foram incapazes de prevê-la , freneticamente tentam explicá-la.

A crise é do que convencionaram chamar de globalização. A globalização, este mecanismo complexo que tentou controlar os mercados mundiais em termos globais, está fazendo água. De tão simples parece ridículo, mas é tão abrangente que foge aos olhos dos cabeças de planilha que ocupam os cargos de economistas chefes das principais instituições financeiras, governantes e "especilistas". Estamos diante de um problema que está relacionado diretamente a economia real e não podemos tratá-la como uma crise financeira. As respostas à crise estão sendo balizadas em função das repercusões dentro das fronteiras dos países, dando o primeiro passo para a inversão da globalização e a volta ao tradicional comércio multilateral entre países. Então estamos diante de uma crise de valores que questiona a globalização em sí. Não é uma crise de credibilidade em instituições financeiras, mas de mecanismos de controle nacionais e mundiais. Estamos diante de um novo paradigma, e da formação de uma nova geopolítica e uma nova geoeconomia.

A crise já permeou o comércio exterior, a agricultura, a indústria , o comércio e os serviços e os seus reflexos vão se sentir através da drástica redução de atividade econômica e receitas de impostos. Na contramão o governo brasileiro, em função direta das eleições municipais de Outubro, deixou de exercer os mecanismos de defesa, quando publicamente não identificou a gravidade da crise, apesar de ser conhecida dentro do Palácio do Planalto sua extensão.

O equívoco de posicionamento deve-se em parte ao desconhecimento de causa realmente, em parte ao amadorismo com que foi tratada a situação, e em grande parte por falta de liderança. Em sua primeira crise durante todo o seu governo, Lula mostra o seu despreparo ao bradar ao mundo uma suposta impermeabilidade à crise, tendo como partida uma reserva de 200 bilhões de dólares, diante do derretimento de trilhões de dólares em patrimônio. Ou é ingenuidade ou despreparo. Ou as duas alternativas em conjunto, não há outra possibilidade, e fico com a terceira alternativa.

Lula agora entende o dilema de enfrentar uma crise de grandes proporções e o porque da necessidade de uma política econômica austera. Reluta ainda em fazer o que de imediato deveria estar fazendo, o corte nas despesas públicas, a informação da gravidade à população e o imediato rompimento entre o cidadão que ocupa o cargo de presidente da república e o político.

Diante da extensão e duração da crise, que certamente ultrapassa o seu mandato, que certamente demandará a união de todos os políticos, empresários e cidadãos para esforços em comum, espera-se uma atitude à altura do presidente da reública.

É uma questão de ser ou não ser estadista. 

Luis Stefano Grigolin

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

O XIII Conec e a liderança dos corretores de seguros

Ocorrido às vésperas da eleição municipal de 2008, nos dias 02,03 e 04 de Outubro no Palácio de Convenções do Anhembi, na cidade de São Paulo, O XIII Conec foi o mais político de todos os congressos da categoria.
Com a organização impecável, que a experiência e algumas dezenas de milhões de reais que estiveram a disposição de Leôncio de Arruda, chegando a casa da centena nos últimos 16 anos em que lidera a classe, a maioria deles oriundos de seguradoras, o congresso passa para a história como o maior dos encontros de corretores de seguros, talvez até em escala mundial.
Esse trabalho é resultado do esforço reconhecidamente vitorioso do sindicalista e de seu grupo político de aproximadamente 260 pessoas, que formam o que chamam de diretoria plena. O engajamento e determinação são louváveis na tentativa de promoção da categoria junto aos políticos, empresários e a população em geral, notadamente no endomarketing, para dentro do circuito do mercado de seguros. Entre seguradores, securitários e corretores de seguros a sua liderança está consolidada.
Mas nem tudo o que reluz é ouro e nem tudo que balança cai!
Os bastidores deste congresso foram recheados de confrontos políticos, alguns explícitos, outros bem camuflados. Leôncio de Arruda joga suas últimas fichas numa arriscada jornada que começou em 1992 e que tinha a liderança da clase como objetivo à qualquer preço. E a fatura lhe é apresentada neste momento. O XIII Conec pode não passar de uma vitória de Pirro!
O que muita gente não sabia era que as ambições do líder paulista estavam muito além do congresso propriamente dito. Leôncio está sitiado. Está cercado pela discórdia que plantou com todas as outras lideranças da classe. Está isolado e pisando em ovos representados pelas diversas ações na justiça da qual pode ser responsabilizado. Está na iminência de ser destituído do cargo por decisão judicial. Se isso vier a se configurar estará inelegível para qualquer cargo ou função pública, colocando por terra sua maior ambição: a de se tornar um político. Este verdadeiramente o seu objetivo, buscado, repito, à qualquer preço!
Estavam em jogo a ascenção e queda de popularidade da situação e oposição do Sincor-SP, e o nome do jogo era a indicação política da eleição municipal. Não fui páreo para Leôncio que indicou um não corretor, o vereador eleito Paulo Frange, diga-se de passagem, me antecipou estar eleito, sem mesmo a adesão da categoria. Minha candidatura a verador naufragou fragorosamente. A disputa pela liderança no âmbito nacional da Fenacor, porque não é de hoje que Leôncio tenta retornar à entidade, depois de ser colocado à margem, por improbidade, da qual responde na justiça, foi protagonizada pela questão eterna do Banco do Brasil, da qual ninguém pode se julgar vencedor em nada até porque nada de efetivo foi conseguido por quem quer que seja. A desavença com o Superintendente da Susep, cargo que Leôncio abertamente pleiteava e que é ocupado pelo seu principal desafeto político e algoz na justiça, tornou o talk show entre as principais autoridades do setor uma disputa varzeana de compadres sindicalistas. Leôncio parece não se dar conta que Armando Vergílio dos Santos Júnior, queira ou não, ocupa o cargo de regulador do mercado de seguros e não mais o de sindicalista. Não houve o devido respeito e como anfitrião, falhou propositalmente, como ficou evidente. Era a chance de uma revanche, uma pelada política, que não foi aceita pelo superintendente, que manteve a sua postura de homem de governo, muito sabiamente e previamente advertido sobre a armação.
A adesão maciça de corretores paulistas e principalmente de outros estados revela que a toalha não será jogada antes do último gongo tocar.
Admiro a ousadia e a confiança, a fé inabalável no futuro, mas diante das circunstâncias e de detida reflexão, nada a declarar antes que o tempo faça a sua parte. As sementes foram colocadas a seu tempo e florescerão nesta primavera. Resta saber o que líderes fizeram no verão passado, pois não haverá mais verões para alguns, não à frente da liderança de classe.
Enquanto a politicagem corre solta na classe dos corretores de seguros as seguradoras se estruturam de forma notável. E avançam na distribuição de seguros pelos canais alternativos!
Luís Stefano Grigolin

Convenção Coletiva de Consumo