PL 3555/2004 Câmara dos Deputados Veja a íntegra da audiência pública

domingo, 22 de julho de 2007

O PERIGO PARA A PROFISSÃO DE CORRETOR DE SEGUROS

Venho alertando há muito tempo para um problema estrutural na nossa profissão. Ele parece um câncer e vem evoluindo para uma metástase importante. Chama-se estrutura sindical.

Toda classe precisa de representação, de um plano setorial com a definição básica de objetivos, meios e métodos para a defesa institucional da profissão. Então, a estrutura sindical é necessária. Pode ser benéfica ou malélica dependendo da gestão que se empreende, da participatividade, da soberania das decisões democráticas ou do centralismo das decisões.

Estou denunciando e combatendo desde 1996 uma chaga que se instalou nas nossas entidades e que vem mutando ao longo do tempo, proliferando e colocando em risco a continuidade da nossa profissão. Ela é representada pela ganância e sede de poder de um diminuto grupo da nossa categoria que instalou-se nas nossas entidades desde 1992. Com um projeto de poder ousado e que pouco se importa com resultados práticos para a categoria, esse grupo vem mantendo relações escusas com seguradores de tal modo a facilitar as políticas traçadas de crescimento através de canais alternativos. É preciso ressaltar que mais do que ações, as omissões são mais relevantes neste contexto.

A opção por agigantar a máquina sindical tem um custo, e esse custo precisa ser financiado. Se esse financiamento é bancado pelos seguradores através de patrocínios a eventos, acordos de prestação de serviços, subvenções ou o que quer que seja, há aí um vício elementar que todos sabemos: não há almoço grátis e os recursos só aportam mediante um curso que interesse na política de classe. Então somos reféns da própria máquina sindical num círculo vicioso.

Recentemente esse grupo se dividiu, criando dois grupos distintos com objetivos de perpetuação de poder distintos. Um em nível superior, destina os recursos angariados em nome da categoria a estruturação e sedes próprias dos sindicatos estaduais, estruturando politicamente uma representação que não guarda relação com a sua participação de mercado. Atua de forma atabalhoada na articulação política dos conselhos de classe e da redução tributária , sem consenso na base e portanto sem chances de êxito. Outro, afeto às principais regiões produtoras do país, destina seu enorme orçamento, cerca de 13 milhões de reais anuais, a estruturação da máquina sindical local, com a distribuição de status para um reduzido número de simpatizantes, com uma centena de departamentos e com resultados pífios.

De forma global os sindicatos arrecadam uma verdadeira fortuna em nome da classe anualmente, além de contribuições e recursos próprios dos corretores de seguros, com despesas em eventos, cursos e palestras que de forma contumaz são desperdiçados sem a menor cerimônia.

O foco está errado. Certificação digital, cooperativa de crédito, agente do bem estar social, unisincor, cursos de habilitação para corretores vida, conselhos profissionais e redução de tributos, podem sim fazer parte do escopo do objetivo sindical. Mas não podem ser o seu cerne.

  • Diretrizes e orçamentos estão equivocados
  • A maquina consome cada vez mais recursos com menos resultados
  • Relacionamento permissivo com o mercado
  • Foco numa suposta rede social está desconectado da realidade social do corretor
  • Apesar do relacionamento cordial estamos perdendo espaço na comercialização
  • Uma quantidade enorme de departamentos sindicais sem autonomia e foco
  • Tentativa de monopolização das outras entidades dos corretores
  • Caracteristica monopolizadora de poder nas duas esferas
  • Falta de liberdade de ação e criação dos colaboradores
  • Formação inadequada para corretores , por meios inadequados
  • Não se executa uma defesa institucional minimamente competente

Precisamos submeter este câncer a um tratamento de radioterapia e quimioterapia intensiva e resgatar a autonomia dos corretores de seguros frente a defesa dos seus interesses.

Diagnosticar, tratar e negociar os principais pontos que afligem o corretor de seguros e o futuro da profissão é o centro das nossas necessidades. Para tanto levamos pontualmente quais os ploblemas e as atruibuições dos corretores às entidades representativas das seguradoras e dos corretores. Não é possível que precisemos fazer trabalhos paralelos de identificação de problemas e soluções quando milhões de reais são gastos pelas entidades sindicais dos dois níveis. Alguma coisa está errada neste contexto. Intuitivamente sabemos disso. Agora passamos a adotar providências, com o respaldo do Ministério Público. Nada garante que as nossas entidades representativas sejam envolvidas no processo, tal a sua contaminação com os objetivos dos seguradores.

Este faz de conta, só proporciona status a um número reduzido de pessoas em detrimento da sobrevivência de milhares de companheiros.

Luís Stefano Grigolin, 43, corretor de seguros, consultor e especialista em tecnologia da informação, jornalista , com 29 anos de atuação no mercado segurador.

hiperseguro@terra.com.br

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quinta-feira, 19 de julho de 2007

O LIMITE DA ATUAÇÃO DA SUSEP NA REGULAÇÃO DO MERCADO


É preciso deixar bem claro qual é a função e quais os limites de atuação da autarquia, que tem o papel de agir como se fosse as agências criadas recentemente para regular outros mercados que ainda não dispunham deste mecanismo.
Nesse contexto não pode a Susep legislar, apenas cabendo a normatização e adequação das leis. O perigo da autarquia se tornar um braço do mercado para o qual foi criada na condição de regulador é grande. O que estamos observando são posicionamentos mais afetos a legisladores do que a reguladores. Estão agindo com viés propositivo de criação de figuras e procedimentos que não encontram resguardo na legislação, e por outro lado deixando de fiscalizar e punir atitudes ilegais. A questão da liberdade tarifária, dos prepostos e a figura dúbia dos agentes, da atuação das empresas de seguros e sua corretora do Banco do Brasil, assim como o esforço da autarquia na aprovação do Lei complementar 126/07 são exemplos clássicos.
A regulação exercida pelas agências possui papel fundamental no cumprimento das políticas determinadas pelo Estado, sua função é gerencial (técnica) e de controle sobre os entes regulados.
O conceito de regulação, embora controvertido quanto a sua extensão, é único em delimitar como sendo a intervenção estatal junto a setores privados, conjunta ou isoladamente, para impor normas de conduta que visem obriga-los a atingir o bem estar da comunidade.
A função regulatória é essencial para a eficiência do processo de desestatização, pois na maioria das vezes trata-se de processo complexo que são realizados mediante contratos de longo prazo.Isso faz com que ocorram mudanças inesperadas no curso do contrato, que deve ser adaptado a nova realidade mediante o julgamento isento dos princípios que o norteiam.
A ação da regulação varia de acordo com o modelo do Estado que a desenvolve, intervencionista ou regulador, porém deve sempre ter em mente o mercado a ser regulado, os princípios da autonomia e da especialidade, a transição dos monopólios, e principalmente o interesse público.
Portanto, deve sempre ser preservado o objetivo de harmonizar os interesses do consumidor, como preço e qualidade, com os do fornecedor, como a viabilidade econômica de sua atividade comercial, como forma de perpetuar o atendimento aos interesses da sociedade.
Em respeito ao princípio da legalidade, o instrumento regulatório deve ser determinado por Lei, o que se denomina "marco regulatório", que pode ser definido como "o conjunto de regras, orientações, medidas de controle e valoração que possibilitam o exercício do controle social de atividades de serviços públicos, gerido por um ente regulador que deve poder operar todas as medidas e indicações necessárias ao ordenamento do mercado e à gestão eficiente do serviço público concedido, mantendo, entretanto, um grau significativo de flexibilidade que permita a adequação às diferente circunstâncias que se configuram.
As discussões da comercialização de seguros e a fiscalização dos corretores de seguros tem ficado sempre em segundo plano, em detrimento de grande empenho nas questões de interesse das seguradoras.
Luis Stefano Grigolin, 43, corretor de seguros, consultor e especialista em tecnologia da informação, jornalista , com 29 anos de atuação no mercado segurador.
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Blogs http://hiperseguro.blogspot.com/ e http://hiperseguro.zip.net/

quarta-feira, 18 de julho de 2007

O IMPACTO DA TRAGÉDIA DO VÔO JJ3054 NO MERCADO DE SEGUROS


Há dez meses da tragédia do vôo 1907 da Gol Linhas Aéreas, com 154 mortos, somos impactados com o maior acidente aéreo da América Latina, numa pista localizada em um centro urbano. O vôo JJ3054 da TAM, reeditou a tragédia do Fokker 100 de 1996 em Congonhas, fazendo os paulistanos dos bairros próximos ao aeroporto viverem mais um drama avassalador. Naquele episódio, além do valor inestimável das vidas humanas, os danos materiais e o sofrimento de familiares e residentes das proximidades, perdemos também Camilo Marina, cuja contribuição foi imensa para o mercado de seguros, notadamente da distribuição, da corretagem de seguros. Um de seus últimos trabalhos e a sua visão além do alcance me inspiram na defesa da categoria até os dias de hoje.
Mais uma vez estamos diante do mesmo dilema, 186 ocupantes e um número ainda não identificado de vidas no solo, a sensação de impotência e de perigo, de risco e de que o caos aéreo é um fato inquestionável. Ou precisamos de mais acidentes para medidas urgentes na ordenação da aviação comercial do Brasil?
O acidente com o Airbus 320 da TAM certamente vai aprofundar a ferida aberta na gestão da coisa púbica e das responsabilidades das autoridades competentes, por ação ou omissão. A ANAC, a Infraero, o Ministério da Aeronútica, o Ministério Público, o Congresso Nacional e o Presidente da República têm que obrigatoriamente se manifestar de forma pró-ativa, sobre mais esse acidente de graves proporções, levando a efeito as mudanças mais que necessárias, urgentes e já extemporâneas.
Esse acidente poderia ter sido evitado? Essa a pergunta que faço.
Pelas primeiras considerações dos colegas de imprensa e na coletiva de imprensa da Tam na tarde de ontem, o que pude presenciar é que há mais perguntas do que respostas. O presidente da TAM, Marco Antônio Bologna, fez o seu papel junto aos seus diretores, dando enfase ao atendimento das vítimas, passageiros e tripulantes, seus familiares, oferecendo assistência imediata, suporte e adiantamentos para fazer frente a despesas imediatas por conta de indenizações.
Muitas especulações ainda sobre o acidente, mas a prudência indica que somente as investigações poderão avaliar o que realmente ocorreu. O piloto iniciou o pouso antes da marca 1000 a cerca de 330 metros da cabeçeira da pista e certamente os segundos que o levaram até o prédio da Tam do outro lado da Av. Rubem Berta serão revelados pela caixa preta, imagens do aeroporto e testemunhas oculares, que parece, serem muitas.
Quem já voou numa aeronave Airbus 320 e pousou em Congonhas sabe muito bem a dificuldade, que é sentida pelos passageiros no pouso, pela extensão reduzida da pista. Uma forte pressão é exercida sobre os passageiros que são arremessados para frente de uma forma acentuada. Em cerca de 1900 metros de pista, menos os trezentos e trinta metros da marca 1000, a freagem com pista seca já é difícil, com tempo chuvoso, muito mais. A sensação chega mesmo a ser de alívio, quando você sente que o piloto está com o domínio da aeronave em solo, já freando as rodas do aparelho. Em pistas como Cumbica e Galeão com cerca de 3700 a 4000 metros de pista o desconforto é bem menor. No Santos Dumont, a bordo de qualquer aeronave, a visão da água parece diminuir as consequências de um possível impacto, pelo menos ilusóriamente. Exceção do pão de açucar na decolagem, outro frio na barriga.
Falha, seja ela humana ou de equipamento, acidentes como este, tem que ser indenizados pelo seguro. Neste aspecto, o seguro mostra o seu valor diante de um fato tão grave e de consequências inimagináveis para suas vítimas e familiares. O de amenizar as perdas e dar suporte para recomeçar. Porque por mais adequado que possa ser o seguro, não creio que esteja à altura de repor o valor de uma vida humana.
Creio que a companhia de seguros nacional, a qual está a cargo liquidar as indenizações, aja com presteza e rapidez , de modo a não criar outro arrasto como o de catástrofes anteriores. O mercado evoluiu, as pessoas presume-se evoluíram no seu modo de encarar as adversidades e o público em geral está muito atento à resposta que se espera da seguradora.
Consequências para o mercado segurador brasileiro, são imediatas, e mais uma vez o custo Brasil vai elevar as tarifas, em função do risco observado pelos resseguradores , que já questionavam as seguradoras locais sobre as condições do caos aéreo. Por outro lado a concientização da necessidade de estar segurado, parece indiscutível.
As apurações de responsabilidades sobre ações e omissões, além do fator político de alto custo, elevarão sobremaneira os custos dos seguros aeronáuticos, com reflexos operacionais e psicológicos que também afetarão a performance da aviação comercial.
Talvez neste momento, tardio, para muitas vidas valorosas, o princípio da autoridade e da responsabilidade seja de fato requerido de quem de direito. Não se trata aqui de caça às bruxas, mas de uma cobrança sobre o senso de urgência e responsabilidade, deixados no segundo plano, em detrimento da vida, do social.
Acidentes aéreos, pela sua repercussão internacional imediata, são apenas a ponta do iceberg dos acidentes sociais cotidianos da grande maioria do povo brasileiro. Morrer por falta de infra-estrutura a bordo de uma avançada aeronave ou de fome na caatinga, me parece ter um mesmo impacto e extensão de gravidade.
Em ambas as situações as vítimas estão impotentes. Cadê o estado?
Luís Stefano Grigolin, 43, corretor de seguros, consultor e especialista em tecnologia da informação, jornalista, com 29 anos de atuação no mercado segurador.
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terça-feira, 17 de julho de 2007

Fato relevante nas denúncias do MP Federal

Procedimentos contra a concentração e dominação do mercado de seguros, crimes contra a livre concorrência, a economia, contra o código de defesa do consumidor, que estão destruindo a profissão de corretor de seguros, assim como causando prejuízos a consumidores de seguros, estão sendo impetrados por todo o país. As ações visam também a investigação sobre a constituição das empresas de seguros do Banco do Brasil e sua atuação no mercado através de exclusividade com BB Corretores de seguros. A Caixa Econômica, com uma operação similar e outros bancos e empresas de seguros também estão na mira.
A defesa estruturada em leis dos anos 90 que tratam das relações de consumo e concorrência, nos 13 anos de experiência e estudos sobre a atuação dos bancos em seguros e práticas danosas das seguradoras contra a distribuição de seguros e consumidores, conta também com a enorme evolução do Ministério Público neste período. Vários colegas nossos que atuam na área de direito também estão colaborando. A denúncia, eminentemente técnica, é reforçada por disposições constitucionais e do Novo Código Civil, leis que regulamentam a profissão de corretores de seguros e o sistema financeiro nacional, com suas normas regulamentadoras editadas pela Susep e pelo Banco Central nesse período.
Procuradores da República estão interessados em declarações da Febraban e dos bancos em procedimentos do MP, que coadunam com a nossa denúncia. Em uma delas há a alegação de que "a Febraban só tem notícia da comercialização de seguros em bancos através do Sr. Luís Stefano Grigolin", já em outro, cada banco alega que "não comercializa seguros em agencias bancárias", sendo que ainda alegam que "a demora além dos trinta minutos nas filas dos bancos deve-se ao fato dos funcionários exercerem outras atividades, notadamente a venda de seguros, com agendamento, cálculo e fechamento de negócios", num outro procedimento, sendo que é público e notório tal venda até mesmo com a irregular prática da venda casada. Agora o que se questiona também é a venda dos balcões das agências, a seção de dados de clientes para prospecção diretamente por seguradoras e até mesmo a posição acionária de bancos em seguradoras, sendo que alguns detém o controle inclusive, ao inverso do que ocorre no resto do mundo.
Como funciona o Ministério Público:
Os membros do Ministério Público Federal iniciam a carreira no cargo de procurador da República, após participarem de concurso público específico para o ramo. Quando promovidos, passam para o cargo de procurador regional da República e, por último, de subprocurador-geral da República. Depois de dois anos de exercício, só podem perder o cargo por sentença judicial transitada em julgado, pois adquirem a vitaliciedade. Também não podem ser trasnferidos de um local para outro sem que concordem com a mudança ou que haja motivo de interesse público (são inamovíveis). Entre os pincípios assegurados ao Ministério Público pela Constituição está o da independência funcional. Isso quer dizer que cada membro do Ministério Público Federal tem inteira autonomia em sua atuação. Nesse sentido, não está sujeito a ordens de superior hierárquico do próprio MPF ou de outra instituição. Desta forma, se diversos procuradores atuarem em uma mesmo processo, podem adotar posições diferentes. Mas entre os deveres dos membros do MP está o de informarem sobre os atos e fundamentá-los. A hierarquia é considerada apenas para os atos administrativos e de gestão. Assim cabe à chefia da instituição deliberar, por exemplo, sobre a estrutura do MPF e a distribuição dos recursos. Também são princípios institucionais: a unidade – os procuradores integram um só órgão e a manifestação de qualquer membro valerá como posicionamento de todo o Ministério Público Federal; e a indivisibilidade - os membros não ficam vinculados aos processos nos quais atuam, podendo ser substituídos por outros.
Para termos uma maior abrangência, faremos no próximo dia 30 de Julho denúncias em todos os municípios do país que contam com representação da Procuradoria da Repúbica. Cada unidade responde e tem delimitada sua atuação em uma série de municípios. A denúncia inicial foi realizada na Procuradoria da República do Ministério Público de São Carlos-SP. Enviaremos formalmente ao Procurador Geral da República todo o protocolado, para que o caso possa ter a devida atenção.
Caro corretor de seguros, apesar da descrença de alguns colegas, se o seu município conta com uma representação, entre em contato para que você possa se tornar um representante da categoria junto ao MP. Para tanto lhe enviaremos os procedimentos de formalização das denúncias que serão protocoladas. Faça a sua parte!
Esta operação é a maior operação de defesa dos interesses e direitos difusos e coletivos dos corretores de seguros e seus clientes, consumidores de seguros. Ela envolve todos os órgãos de defesa do consumidor "Procon's" e contará com o apoio do IDEC, Proteste e Federaçaõ dos Bancários e OAB, que também estão sendo notificados, além de parlamentares e dos partidos políticos de um movimento supra-partidário.
No final do mês de Julho será publicada na íntegra as denúncias e a relação dos procuradores da república que estarão analisando o caso em todo o país. A partir daí, cada corretor de seguros pode individualmente remeter ao procurador as suas considerações e provas , quando as tiver.
Participe deste esforço da classe na defesa institucional da nossa profissão e na defesa dos interesses dos nossos segurados.
Luís Stefano Grigolin, 43, corretor de seguros, consultor e especialista em tecnologia da informação, jornalista, com 29 anos de atuação no mercado segurador.
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domingo, 15 de julho de 2007

A promoção de vendas e o marketing nas seguradoras

Uma das principais atividades para se buscar "market share", ou numa tradução livre, fatia de mercado, é o "salles promotion" ou, a promoção de vendas. Na área de seguros porém, esta pratica ainda é rudimentar, então, é preciso analisar quais os motivos que levam as seguradoras a ignorarem esta importante ferramenta de marketing.

Desde a pesquisa de mercado que antecede a criação de um produto, que normalmente deriva da necessidade específica de determinado grupo de clientes, identificada por corretores profissionais de seguros, o shopping na concorrência deve identificar além de preços e condições já existentes, o canal ou canais pelo qual deva ser comercializado, traçando assim os diferenciais competitivos agregados à nova criação, definindo-se neste momento a estratégia de promoção de vendas. Ou pelo menos, deveria ser assim.

Mas o que se observa é a implementação de produtos, serviços e estratégias pelo rudimentar método tentativa, erro. Isso denota falta de planejamento e capacidade de organização por parte das seguradoras, que usam um expediente muito arcaico de copiar as ações das concorrentes imediatamente, sem uma preocupação de contrapartida, com uma avaliação mais criteriosa do produto e a estruturação do marketing.

O grau de inovação nos produtos tem sido muito pequeno. Apesar de uma arquitetura bem pesada na área comercial, que inclui toda uma estrutura organizacional de recursos humanos e recursos materiais extensa, a tarefa de identificação de oportunidades de negócios, nichos e potenciais produtos junto ao principal canal de distribuição, os corretores de seguros, esbarra numa grande burocracia interna e na grande torre de babel em que se transformaram esses departamentos comerciais, onde tem prevalecido o relacionamento pessoal sobre a ordenação e padronização das realações, o que gera naturalmente conflitos. Além disso a opção por canais alternativos, observada em algumas seguradoras, torna obsoleta e dispensável toda essa estrutura.

A tomada de decisões é lenta e cristalizada no "board", a estrutura muito arraigada na estatística e atuária, que são elementares na criação de produtos e determinação de ajustes ao longo do tempo em produtos de seguros, é trágica no marketing. Vendas e marketing são baseados em outros principios de criação e desenvolvimento, tendo uma dinâmica completamente diferente.
Os recursos volumosos empregados inadequadamente em publicidade e propaganda, o alto custo com uma estrutura pra lá de sucateada na área comercial, a sobreposição de canais de vendas, a falta de uma política clara de precificação e condições comerciais, a pessoalidade com que são tratadas as negociações comerciais, trazem os ingredientes perfeitos para uma sensível elevação de custos e irracionalidade operacional, além de instabilidade no canal de corretores de seguros.

O cúmulo do absurdo é notar a simplificação da política de promoção de vendas, com investimento maciço através das estruturas sindicais e de eventos periódicos realizados por estas entidades. Segundo a avaliação de alguns executivos despreparados deste mercado, "fica mais barato" , "quanto não gastaria para reunir um número expressivo de corretores e passar a minha informação", e outras bobagens que vão por aí a fora. Uma anomalia que pode ser explicada pela oportunidade de turismo que representa para alguns funcionários de companhias, assim como é entendido pela maioria esmagadora dos participantes destes congressos. As tradicionais bebedeiras e filas para brindes que o digam. Então simplesmente, não é o caminho. Pode representar descontração e um momento de sociabilidade , mas não tem valor, como ferramenta de marketing, diria que até que tem um efeito adverso. Corretores se ressentem de informação e profissionalismo nos stands de feiras paralelas montadas nestes eventos.
Na verdade este tipo de eventos sociais, onde se tenta basicamente usar os sindicatos como canal de promoção de vendas e relacionamento está esaurido. A participação é recorrente por parte de um determinado grupo, diminuindo o alcance de qualquer medida de promoção de vendas, além de um enorme chiado na comunicação, previsível por qualquer estudante de primeiro ano de marketing, por uma questão fundamental : sindicatos são organizações que visam a defesa dos interesses de uma classe e podem não ser necessariamente convergentes com as ações de marketing tratadas através de promoção de vendas.

Neste contexto, além de expor antecipadamente à concorrência as estratégias de cada empresa, o tempo acaba sendo diminuto, rateado entre vários patrocinadores, numa comunicação incompleta, com ruído e exposição inadequada, e com um saldo extremamente previsível : o barato, "que não é tão barato assim", sai muito caro!

As premiações, usadas como promoção de vendas, também tem critérios bastante centralizadores nos resultados consolidados de corretores estrutrurados, não motivando efetivamente iniciativas pró-ativas de novos corretores. Deveriam ser mais pontuais e imediatas, com pequenos incentivos por venda, o que geraria uma distribuição de premios mais equitativa. Um tradicionalíssimo exemplo é o do estouro da beixiga com prêmios variáveis dentro. Estão tentando reinventar a roda, fazendo uma roda de liga super leve , que poucos podem alcançar. Simplicidade, às vezes, pode ser mais eficaz do que requintados cruzeiros dos sonhos, que ficam literalmente nos sonhos.

Sinto que falta empolgação na área comercial. Não dá para obter resultados com comerciais batendo à porta de corretores "pedindo" e até mesmo "implorando" produção ao mesmo passo que executivos conduzem processos contrapostos em canais alternativos. A ditadura dos números tem feito executivos, muito bem remunerados, esquecerem princípios fundamentais de marketing. Aliás o segmento de seguros, que trabalha com um produto intangível, deveria ter à frente de suas empresas "homens de vendas", respaldados por "homens de marketing", embasados por técnicos, lembram dos técnicos, aqueles que sabiam tudo de seguros, pois é. O perfil excessivamente administrativo e operacional do staff das companhias emperra esse segmento, aliado ao fato da cristalização dos cérebros do mercado. São as mesmas pessoas há exata uma geração. Precisam ser oxigenadas as administrações das seguradoras. Com urgência, se é que o acionista quer resultados efetivos, e não apenas financeiro.

É preciso primeiro definir a estratégia de marketing e depois efetivamente fazer a promoção de vendas adequada ao canal, sem " misturar as estações". Vamos primeiro vender, depois administrar. Esse vai ser o novo perfil das seguradoras líderes de mercado.

Luís Stefano Grigolin, 43, corretor de seguros, consultor e especialista em tecnologia da informação, jornalista, com 29 anos de atuação no mercado segurador.
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sábado, 14 de julho de 2007

A ERA DA INFORMAÇÃO

Estar conectado hoje à internet parece-me ser elementar para a coleta de informações básicas sobre as mais diversas atividades do nosso dia a dia.

O conhecimento verte na web, a comunicação se torna cada vez mais acessível, a interatividade nunca foi tão grande entre as pessoas. Hoje é relativamente fácil tornar uma questão conhecida e submetê-la a um debate com milhares de pessoas ao mesmo tempo. Basta um blog como este, uma coluna em um portal segmentado, uma boa rede de relacionamento e e-mails, para ter acesso imediato ao que pensam milhares de pessoas sobre determinado tema.

A informação flui na velocidade da luz. Nesse processo agrega entendimentos diversos, sofre alterações estruturais, se aperfeiçoa, e continua o seu caminho. A informação era sinal de poder a quem a detinha, hoje é poder de quem a faz circular.

Informação sempre foi e sempre será poder, o que acontece neste exato momento é uma mutação da sua forma. A informação guardada a sete chaves era o segredo do negócio. Hoje negócios que não são transparentes tendem a ser questionados. Porque a informação hoje tem que estar do outro lado, do lado do consumo. A diferença não é mais o quanto se sabe mais que o concorrente, mas o quanto se informa ao cliente. Essa uma pequena nuance da nova era da informação.
Luís Stefano Grigolin, 43, corretor de seguros, consultor e especialista em tecnologia da informação, jornalista, com 29 anos de atuação no mercado segurador.

Convenção Coletiva de Consumo