PL 3555/2004 Câmara dos Deputados Veja a íntegra da audiência pública

domingo, 22 de julho de 2007

O PERIGO PARA A PROFISSÃO DE CORRETOR DE SEGUROS

Venho alertando há muito tempo para um problema estrutural na nossa profissão. Ele parece um câncer e vem evoluindo para uma metástase importante. Chama-se estrutura sindical.

Toda classe precisa de representação, de um plano setorial com a definição básica de objetivos, meios e métodos para a defesa institucional da profissão. Então, a estrutura sindical é necessária. Pode ser benéfica ou malélica dependendo da gestão que se empreende, da participatividade, da soberania das decisões democráticas ou do centralismo das decisões.

Estou denunciando e combatendo desde 1996 uma chaga que se instalou nas nossas entidades e que vem mutando ao longo do tempo, proliferando e colocando em risco a continuidade da nossa profissão. Ela é representada pela ganância e sede de poder de um diminuto grupo da nossa categoria que instalou-se nas nossas entidades desde 1992. Com um projeto de poder ousado e que pouco se importa com resultados práticos para a categoria, esse grupo vem mantendo relações escusas com seguradores de tal modo a facilitar as políticas traçadas de crescimento através de canais alternativos. É preciso ressaltar que mais do que ações, as omissões são mais relevantes neste contexto.

A opção por agigantar a máquina sindical tem um custo, e esse custo precisa ser financiado. Se esse financiamento é bancado pelos seguradores através de patrocínios a eventos, acordos de prestação de serviços, subvenções ou o que quer que seja, há aí um vício elementar que todos sabemos: não há almoço grátis e os recursos só aportam mediante um curso que interesse na política de classe. Então somos reféns da própria máquina sindical num círculo vicioso.

Recentemente esse grupo se dividiu, criando dois grupos distintos com objetivos de perpetuação de poder distintos. Um em nível superior, destina os recursos angariados em nome da categoria a estruturação e sedes próprias dos sindicatos estaduais, estruturando politicamente uma representação que não guarda relação com a sua participação de mercado. Atua de forma atabalhoada na articulação política dos conselhos de classe e da redução tributária , sem consenso na base e portanto sem chances de êxito. Outro, afeto às principais regiões produtoras do país, destina seu enorme orçamento, cerca de 13 milhões de reais anuais, a estruturação da máquina sindical local, com a distribuição de status para um reduzido número de simpatizantes, com uma centena de departamentos e com resultados pífios.

De forma global os sindicatos arrecadam uma verdadeira fortuna em nome da classe anualmente, além de contribuições e recursos próprios dos corretores de seguros, com despesas em eventos, cursos e palestras que de forma contumaz são desperdiçados sem a menor cerimônia.

O foco está errado. Certificação digital, cooperativa de crédito, agente do bem estar social, unisincor, cursos de habilitação para corretores vida, conselhos profissionais e redução de tributos, podem sim fazer parte do escopo do objetivo sindical. Mas não podem ser o seu cerne.

  • Diretrizes e orçamentos estão equivocados
  • A maquina consome cada vez mais recursos com menos resultados
  • Relacionamento permissivo com o mercado
  • Foco numa suposta rede social está desconectado da realidade social do corretor
  • Apesar do relacionamento cordial estamos perdendo espaço na comercialização
  • Uma quantidade enorme de departamentos sindicais sem autonomia e foco
  • Tentativa de monopolização das outras entidades dos corretores
  • Caracteristica monopolizadora de poder nas duas esferas
  • Falta de liberdade de ação e criação dos colaboradores
  • Formação inadequada para corretores , por meios inadequados
  • Não se executa uma defesa institucional minimamente competente

Precisamos submeter este câncer a um tratamento de radioterapia e quimioterapia intensiva e resgatar a autonomia dos corretores de seguros frente a defesa dos seus interesses.

Diagnosticar, tratar e negociar os principais pontos que afligem o corretor de seguros e o futuro da profissão é o centro das nossas necessidades. Para tanto levamos pontualmente quais os ploblemas e as atruibuições dos corretores às entidades representativas das seguradoras e dos corretores. Não é possível que precisemos fazer trabalhos paralelos de identificação de problemas e soluções quando milhões de reais são gastos pelas entidades sindicais dos dois níveis. Alguma coisa está errada neste contexto. Intuitivamente sabemos disso. Agora passamos a adotar providências, com o respaldo do Ministério Público. Nada garante que as nossas entidades representativas sejam envolvidas no processo, tal a sua contaminação com os objetivos dos seguradores.

Este faz de conta, só proporciona status a um número reduzido de pessoas em detrimento da sobrevivência de milhares de companheiros.

Luís Stefano Grigolin, 43, corretor de seguros, consultor e especialista em tecnologia da informação, jornalista , com 29 anos de atuação no mercado segurador.

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