PL 3555/2004 Câmara dos Deputados Veja a íntegra da audiência pública

sábado, 15 de setembro de 2007

MERCADO SEGURADOR AINDA É ASSUNTO INTERNA CORPORIS

Há muito tempo trabalho pela divulgação institucional do mercado de seguros junto às grandes mídias. Grandes jornais, revistas, tele-jornais, internet, em todas as redações tenho me feito presente, discutindo, informando, orientando, formando opinião, de quem faz opinião para o grande público. O mercado de seguros é um grão de areia no universo das informações dos grandes veículos. Como é um mercado muito fechado, cristalizado e voltado para si próprio, esta tarefa fica muito árdua. Desmistificar o jargão do setor, mostrar as vantagens em se contratar vários tipos de seguros, performance das companhias, lançamentos de produtos e serviços, tudo isto faz parte de um trabalho orientado ao crescimento do mercado e ao conhecimento público. Só que ultimamente o mercado de seguros anda compondo as notícias pejorativas na relação de consumo. É uma contra-propaganda a todo o esforço monumental de abrir os olhos dos formadores de opinião de massa para o nosso segmento. E já foi pior. Há dez anos praticamente não se tratava do assunto nas grandes mídias.
O mercado segurador se vende muito mal. Anuncia pouco, quando anuncia, anuncia mal, com peças publicitárias de pouco efeito e de periodicidade insuficiente. No aspecto noticioso, não cria fatos poderosos para que se retrate na mídia. É um segmento cristalizado, liderado por amadores que conhecem um pouco de seguros e muito menos de comunicação, marketing e propaganda. Eu diria até que muito pouco mesmo de administração.
A mídia segmentada dirige seus esforços para o ego dos dirigentes e suas empresas, promovendo um verdadeiro desencontro de informações, premiações e homenagens que divergem entre sí, de acordo com o investimento nas publicações. Então, qualquer publicidade interna corporis perde seu efeito, a não ser o de massagear o ego de quem está bancando. Todo segmento é marcado pelo convívio social e destaque de personalidades, mas no mercado de seguros, os agraciados estão muito perto do ridículo, diante desta realidade.
Eventos tradicionais das seguradoras e dos corretores de seguros não encontram ressonância na sociedade e nos meios de comunicação de massa. Descrédito é a palavra que melhor se aplica. Basta ver o recém encerrado Conseguro realizado no Rio de Janeiro entre 12 a 14 de Setembro, no Rio de Janeiro. Não fosse umas escassas linhas nas grandes publicações, dando foco nos convidados como o Ministro do Planejamento, Paulo Bernardo e no Presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, e suas análises macroeconômicas, o evento sequer tinha sido citado. Para não deixar cair no vazio, levamos as informações através do Google a outras publicações segmentadas e distribuimos as informações aos nossos 110 mil leitores, que proporcionam cerca de 4 milhões de acessos por mês. Mas sem o reconhecimento de dirigentes do setor, que preferem focar em questões umbilicais.
A falta de visão mercadológica e de mensuração tem levado algumas "autoridades do setor" a propalar informações que não são confirmadas pelos analistas de mercado. Por exemplo, o crescimento do setor de seguros na verdade está focado nos produtos financeiros, que são mera aplicação de recursos como na previdência privada e no VGBL incorporados aos numeros do setor. Descartado estes números, o mercado, salvo alguns ramos que começam timidamente a compor resultados, está andando de lado faz tempo, protagonizando um rouba monte, uma guerra de preços e uma desassistência ao consumidor em escala, medida pelo número de ações na justiça e de problemas junto aos órgãos de defesa do consumidor. Tirando a telefonia e os planos de assistência médica, seguros aparece em destaque nos problemas da população.
Nomeação política na regulação de mercado, escândalos no IRB, na SUSEP, supervalorização da abertura do resseguro, nebulosidade no seguro DPVAT, concentração de mercado, concorrência desleal, crimes contra a economia popular, formação de oligopólio, fazem com que os formadores de opinião e as principais redações deste país olhem com outros olhos este mercado. Não adianta morder e soprar. A imagem que fica é de um segmento desestruturado.
Este mercado precisa de uma grande reorganização sócio-econômica através de auto regulação, uma ordenação regulatória mais atual e democrática, credibilidade dos líderes do segmento e autoridades reguladoras, e, principalmente de ações voltadas ao consumo.
Enquanto as diretrizes dos seguradores estivem voltadas para a ganância no aumento de suas margens, market share, captação de recursos baratos, opressão de fornecedores e parceiros, e principalmente, redução de indenizações por vias questionáveis, em detrimento dos demais componentes do mercado e a favor de suas margens, não haverá repercussão positiva do segmento. Podem fazer a pirotecnia que quizerem, mas não alcançarão o consumidor com seus cantos de sereia.
Já deixei consignado a nossa força e credibilidade na mídia nos últimos dias, divulgando aquilo que interessa e simplesmente descartando o blábláblá de sempre. A imprensa tem filtros e não conseguirão promover o segmento com inverdades e ações que vão contra as relações de consumo. O caminho para a divulgação institucional do mercado passa por pressupostos de legalidade, interesse público, seriedade e inovações que interessem as relações de consumo. Fora disso, é melhor alimentar o ego nas publicações do meio, que se prestam a este papel mediante contrapartida.
Luís Stefano Grigolin, 43, corretor de seguros, consultor e especialista em tecnologia da informação, jornalista, com 29 anos de atuação no mercado segurador.

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