Sérgio Duran
O Estado de São Paulo 13.03.2008
O presidente do Instituto Brasileiro contra Fraudes do Seguro, Rubens Sanches Proença, de 52 anos, deixou ontem o Hospital São Mateus, na zona leste de São Paulo, escoltado pela polícia. Proença estava internado desde o dia 2, quando foi baleado no peito, após ter recebido várias ameaças de morte. Ele denuncia seguradoras que aplicam golpes em segurados, acusando-os de forjar acidentes e roubos para receberem o seguro.Proença investiga seguradoras desde 2000, quando teve um carro roubado e acabou indiciado por falsa comunicação de crime, estelionato e fraude, no 27º DP, Campo Belo, zona sul. O inquérito foi arquivado em 2002. Ele descobriu, por exemplo, que entre 2000 e 2004 foram instaurados 188 inquéritos idênticos ao seu no mesmo DP. Em 2005, o Ministério Público Estadual denunciou três delegados do 27º, dois escrivães, três diretores e um advogado da Porto Seguro. No total, 11 pessoas respondem por formação de quadrilha e estelionato. A Agência Brasileira de Inteligência (Abin) participou da investigação. Proença levantou um grupo de pessoas lesadas por seguradoras - ao todo 20 mil seriam prejudicados.Ontem, Proença afirmou ter mais provas contra o que chama de máfia das seguradoras e disse que "falta pouco para concluir seu trabalho". "Quando fechava o dossiê, comecei a receber ligações. Diziam: ?Está chegando a tua hora.? Nunca dei importância", afirmou. Proença foi baleado na frente da casa de um amigo, na zona leste, ao lado do enteado de 15 anos. "Estava com o carro ligado, quando vi dois homens se aproximarem, um negro e outro branco. Estavam tão tranqüilos que não levantavam suspeita. Não morri porque a arma emperrou. Saiu um tiro só."Mesmo baleado, ele dirigiu o carro até o hospital. "Nem escutei o tiro. Vi o vidro do carro trincar, depois, senti queimar por dentro. Falei para o meu filho que estava sangrando, mas que não sabia onde." Proença disse ainda que precisa de mais alguns dias de descanso, mas que o trabalho de acusação "está mais fácil agora".
AUDIÊNCIA Anteontem à noite, o secretário de Estado da Justiça, Luiz Antônio Marrey, recebeu um grupo de pessoas ligadas a entidades de segurados lesados, entre as quais o instituto de Proença. Eles entregaram documentos e pediram rapidez no trâmite dos processos. Afirmaram que esses processos têm demorado o dobro do tempo normal. Marrey prometeu pronunciar-se em uma semana.
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